Todo banco é sempre
um banco à espera do nosso primeiro encontro
Ninfa Parreiras
Todo encontro nosso
será sempre um primeiro. Ou o primeiro naquele banco. Ou o primeiro de tudo que
se pode sentir e viver em um banco.
Todo encontro nosso
será o último no banco escolhido, à espera
de tantos outros.
Depois daquele dia, os bancos sentados não são os mesmos de
antes.
Os bancos sentados nos esperam. De pé, atravessando a ponte,
massageando os pés na areia da praia.
Escrevendo versos apaixonados que saltam o Oceano numa
piscadela.
Olho pro banco e meu coração revira em bateria de escola de
samba.
Olho pro banco e inauguro uma folha que acabou de cair.
Olho pro banco e contorno todo seu corpo.
Olho pro banco e sou capturada…
Penso em você.
No banco gravado pela frase da Clarice, testemunha que nos
olhou.
E ainda nos fotografou em plena brincadeira dos olhos.
O que terá pensado o
banco diante de você e de mim naquele dia? O que nos dizia em segredo?
Continuo a me
surpreender com cada banco que descubro.
Repete-se a surpresa
do primeiro encontro.
“Sentada ali num banco, a gente não faz nada: fica apenas sentada
deixando o mundo ser” (Clarice Lispector)
Este poema-banco é pro Celso
Poppe
(Fotos: arquivo pessoal, 2022)