Páginas

Translate

sábado, 2 de novembro de 2019

Vai, Mulher!

Vai, Mulher!

                                 Ninfa Parreiras

Vai, vai, vai!                                                       
Menina, mulher, moça
Companheira, guria, marota
Mãe, garota, esposa

Ai, ai, ai
Velha, bruxa, brasileira
Navegar em montanhas
Grades de sonhos

Vai, mulher!
Pranto em banho de lua
Secar rosto em pedras
Tortas do existir

Vai, mulher!
Costurar mágoas
Dependurar sobras
Uma por uma, ao ar

Vai, mulher!
Bandeiras erguer
Libertadoras palavras
Empoderadas sinas

Vai, mulher!
Saudar a estrela
Pequenina brilha
Entoar canto da noite

Vai voar sobre
páginas e histórias
Cantar versos
Bordar poesia.


Vai, Elaine
Vai, Jaqueline
Vai, Luzia
Vai, Lorena Aparecida

Vai, Lorena Núbia
Vai, Marilda
Vai, Michele
Vai, Shirley
Vai, Vanilza


Vai voar sobre as páginas e histórias 
Cantar versos, bordar poesia.

Vai, Andriele
Vai, Beatriz
Vai, Carla
Vai, Fabiana
Vai, Flávia
Vai, Geralda
Vai, Gleice
Vai, Helen
Vai, Irene
Vai, Joice
Vai, Jordânia
Vai, Kélen
Vai, Juceli
Vai, Júlia
Vai, Márcia Daniela
Vai, Márcia Rosa
Vai, Maria de Moura
Vai, Maria Jordélia
Vai, Mariana
Vai, Mayara
Vai, Mirelly
Vai, Muriel
Vai, Nádia
Vai, Stefânia
Vai, Raquel
Vai, Rosana
Vai, Vilma

Vai voar sobre as páginas e histórias 
Cantar versos, bordar poesia.

(especialmente para o Dia Internacional da Mulher, 08 de março de 2019, para as recuperandas da APAC Itaúna - Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) 
Fotos: arquivo pessoal de Ninfa Parreiras, esculturas de Rodin.

terça-feira, 12 de março de 2019

Coisas que viram outras: lançamento em Nova Friburgo 2019

Livro de contos que trazem a infância, a memória, os encontros, as brincadeiras e o inusitado da vida contemporânea.
Divididos em 4 blocos temáticos, os contos podem ser lidos separadamente ou na sequência. Um mergulho na fantasia e nas memórias que ressignificam  e dão sentido à vida.
Textos: Ninfa Parreiras e ilustrações: Elê Nogueira, editora: InMediaRes, Nova Friburgo, RJ.
Coisas que viram outras
     textos: Ninfa Parreiras, ilustrações: Elê Nogueira
Pedras sobrepostas
I - Tudo cerrado
II - Tamancos de lata
III - Laboratório de papel

Em cena
I- Pelo alto-falante
II- A cidade em cena
III - De azulejos e guaraná

Nosso tipo
I - O cajado na gaveta
II- O catireiro
III- A espera e o suor

Mosaico de espelhos
I - O mar devolve
II- Uma funeral house
III - O convite de Ossinho 


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Tempo discorda

Tempo discorda   
                         ninfa parreiras
Dia após dia
a menina seguia
as badaladas do relógio.
Vindas de cima
sinalizavam as horas.
A do lanche, a do banho.
E a hora de se encontrar
com as letras e os números.
E a de se entregar aos sonhos.
Certo dia, as badaladas não soaram
não houve hora do café
nem das escritas.
Que fizeram com o badalar do tempo?
A menina se desculpou 
foram compromissos perdidos
não brincou, nem leu naquele dia.
As badaladas eram companheiras
sinalizavam as horas e os sons.
Precisaria consertar aquele relógio?
Trocar as engrenagens, lubrificar as cordas
e aguardar o movimento
dia após dia
de alguma badalada sonora
de algum relógio
em um andar perto.
O tempo discorda
O tempo de corda.

(para a leitora Kelly Cristina Pereira de Lorena)
foto:arquivo pessoal, objeto poético com frase de Guimarães Rosa, 2019

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Jazidas libertas


Jazidas libertas       (inédito, 2019)
                                              Ninfa Parreiras
Eu minério a lama
Miséria em pó
Tu mineras em priscas
Eras, jaz
Ele minera o podre
A enferrujada prisão
Amargos, mineramos
Erramos?
Voz minerais:
Gritastes!
Eles mineram o cego barro
Me negam

Parem de lavar
De levar, de louvar
O minério de Minas


Parem de minerar
De barragear
As Gerais


Parem de mandar
De exportar e refinar
O ferro doido


Parem de explorar
De fazer armas
De matar as meninas

Parem de lavrar
Larvas e levas
Leves minas


Deixem o minério
Na serra, no ápice
Sem dor, na poesia

Livrem os hinos
Libertem as gemas
Libertas que sera tamen!

(A Mariana, ao rio Doce; a Brumadinho, ao rio Paraopeba; a Itaúna, ao rio São João; aos rios nossos)
(fotos: arquivo pessoal, Rio Paraopeba, verão 2019)



sábado, 2 de fevereiro de 2019

Odôiyá, Iemanjá




Odôiyá, Iemanjá
                                              ninfa parreiras

Sereia, serenar
Nadar na onda
Cantar no mar

Sereia, mansa mãe
Marear de bruma

Dança e vem

Sereia, de dia canta
Na praia o pranto
No mar o manto

Sereia, clareia noite 
De brandas rosas
Sirene encanta

Sereia, velas azuis
Espelhos alvos
Pétalas de luz

Sereia, serenar
Mãezinha embala
Simbora ao mar

Fotos: arquivo pessoal, Casa de Iemanjá, Salvador, BA, 2014