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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Jazidas libertas


Jazidas libertas       (inédito, 2019)
                                              Ninfa Parreiras
Eu minério a lama
Miséria em pó
Tu mineras em priscas
Eras, jaz
Ele minera o podre
A enferrujada prisão
Amargos, mineramos
Erramos?
Voz minerais:
Gritastes!
Eles mineram o cego barro
Me negam

Parem de lavar
De levar, de louvar
O minério de Minas


Parem de minerar
De barragear
As Gerais


Parem de mandar
De exportar e refinar
O ferro doido


Parem de explorar
De fazer armas
De matar as meninas

Parem de lavrar
Larvas e levas
Leves minas


Deixem o minério
Na serra, no ápice
Sem dor, na poesia

Livrem os hinos
Libertem as gemas
Libertas que sera tamen!

(A Mariana, ao rio Doce; a Brumadinho, ao rio Paraopeba; a Itaúna, ao rio São João; aos rios nossos)
(fotos: arquivo pessoal, Rio Paraopeba, verão 2019)