Jazidas
libertas (inédito, 2019)
Ninfa Parreiras
Eu minério a
lama
Miséria em pó
Tu mineras em priscas
Tu mineras em priscas
Eras, jaz
Ele minera o
podre
A enferrujada
prisão
Amargos,
mineramos
Erramos?
Voz minerais:
Voz minerais:
Gritastes!
Eles mineram o cego barro
Me negam
Parem de lavar
De levar, de louvar
O minério de Minas
Parem de minerar
De barragear
As Gerais
Parem de mandar
De exportar e refinar
O ferro doido
Parem de explorar
De fazer
armas
De matar as meninas
De matar as meninas
Parem de lavrar
Larvas e levas
Leves minas
Deixem o minério
Na serra, no ápice
Sem dor, na poesia
Livrem os hinos
Libertem as gemas
Libertas que sera tamen!
(A Mariana, ao rio Doce; a Brumadinho, ao rio Paraopeba; a Itaúna, ao rio São João; aos rios nossos)
(A Mariana, ao rio Doce; a Brumadinho, ao rio Paraopeba; a Itaúna, ao rio São João; aos rios nossos)
(fotos: arquivo pessoal, Rio Paraopeba, verão 2019)