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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Travessias D’Jella Lepman

Travessias D’Jella Lepman (Lehman)

           Ninfa Parreiras

Travessia de menina-mulher

sopravam bons ventos

em Stuttgart, Alto Reno

15 de maio de 1891

primavera no Hemisfério Norte

 

brotações em solo alemão

nascia a pequena Jella

a filha mais velha

de Josef e Flora Lehmann

 

distrações de menina

contos maravilhosos

troca-troca de personagens

nos ilustrados livros

 

brincava de fazer pontes

juntava uma cadeira n’outra

travessias de ternura

encadeava conto n’outro conto

 

sonhava semear leituras

abrir livros em asas de borboletas

voos baixos, livre voo

por narrativas ancestrais

 

aos 17 anos, começa a promover cultura

organizou a sala internacional de leitura

acervos de histórias mil

pros filhos de operários estrangeiros

 

Jella planta livros

na fábrica de cigarros

colhia letras pros desfavorecidos

Semeava buquês de palavras

 

viveu as primeiras aventuras no jornalismo

resenhas, comentários de livros

entrevistas, artigos, estudos literários

cultivou a voz das mulheres

 

sofre um baque em 1911

quando o pai partiu

em 1913

casa-se com Gustav Horace Lepman

 

nasceram dois filhos da união:

Anne-Marie, em 1918

e Günther, em 1921

infâncias reaquecem o olhar da jardineira de textos

 

durante a Primeira Guerra Mundial

Gustav serviu o exército alemão

nos campos de batalha na França

adoentado, retornou em 1922

 

Jella Lepman fica viúva aos 31

começou a entrar de cabeça

no solo profissional

dando corda aos sonhos

 


Travessia de mãe-profissional

Nos anos de guerra, novos cultivos

enfermeira de crianças

editora do principal jornal de Stuttgart

primeira mulher neste cargo

 

contribuições sociopolíticas

em 1927, outro pioneirismo

inaugurou o suplemento no jornal:

Mulheres em casa, na profissão e na sociedade

 


Publicou o primeiro livro infantil

em 1927, ilustrado por Hermann Gradl

uma peça teatral pra crianças em 1929

apresentada na Alemanha e na Suíça.

 

1933 tomada do poder nazista 

Jella perdeu o emprego no jornal.

seguiu lavrando de modo independente

foge com os filhos pra Inglaterra em 1936

 

Assumiu trabalhos

jornalísticos e literários.

Trabalhou pra BBC

Pra Estação americana de notícias na Europa.

 


Travessia de pacifista

Finda a Segunda Guerra Mundial

É convidada pelo exército norte-americano

a retornar à Alemanha

nascia a consultora cultural e educacional.

 

Programa de Reeducação da zona ocupada

responsável por reintegrar mulheres e jovens.

Morou na pequena Bad Homburg vor der Höhe

E em Munique.

 

Jella foi conduzida pelas ruínas

em um jipe ​​

além de comida, roupas e abrigo

as crianças careciam de livros

 

foram destruídos ou desapareceram.

Empreendeu novo cultivo

Paz, esperança e tolerância

pras crianças e suas famílias.

 

Sensibilizada com a fome de leitura

escreveu cartas pra editoras e embaixadas

pediu doações de obras literárias.

Criou vida pra percorrer a destruída Alemanha.

 

Em 1946, a primeira exposição internacional do pós-guerra

Milhares de livros de 14 países.

itinerância nas cidades alemãs

conhecida por mais de um milhão de pessoas.

 

Buscou recursos na Fundação Rockefeller

pra montar uma casa de livros do mundo todo.

em 1949, abriu a Biblioteca Internacional da Juventude, dirigiu até 1957

hoje, um acervo de mais de 600.000 livros em mais de 150 idiomas.

 

Os atentos olhos de Jella viram:

as crianças queriam um livro pra tocar e guardar

narrativas pra embalar seus sonos

Ela traduziu uma história pro alemão

 

conseguiu um jornal

imprimiram 30.000 exemplares

e distribuíram às crianças

floradas semeadas

 

doações continuam chegando de várias partes

realimentam a crença de Jella

os livros podem sim

tornar o mundo um lugar pacífico.

 

Durante a reconstrução da Alemanha

Ela colocou histórias nas mãos das crianças

o plantio da aposta no futuro

construiu pontes pela paz

 

Em 1952, fez a conferência internacional por meio dos livros

Fundou o International Board on Books for Young People (IBBY)

em Zurique, em 1953.

Lepman registrou isso no seu autobiográfico

Uma ponte de livros infantis.

 


uma das idealizadoras do Prêmio Hans Christian Andersen

o mais importante de literatura infantil e juvenil do mundo.

foi presidente do júri de 1956 a 1960.

escreveu obras infantis, coleções de histórias pra dormir

Seus livros traduzidos pra diversas línguas.

 


Travessia de memória

A Biblioteca Internacional da Juventude é ilha de liberdade pras crianças e jovens

Lepman morreu em 1970 (04 outubro) aos 79 anos em Zurique

Há uma rua com o seu nome em Stuttgart

uma sala na biblioteca pública na Mailänder-Platz.

Em Munique, uma rua e uma creche

 

Desde o 100º aniversário de Lepman, o IBBY concede a "Medalha Jella-Lepman" a profissionais que contribuem pra literatura infantil.

Em cada obra publicada no mundo

Há viços de Jella, a patrona dos livros pras infâncias

 

ela assumiu como missão

cuidar de crianças e jovens traumatizados pela guerra

Não com doces nem com chicletes

mas com a fantasia da leitura

“Vamos começar com as crianças para endireitar lentamente este mundo totalmente confuso. As crianças mostrarão o caminho aos adultos.” 

(fotos: pesquisa na internet)