Ninfa Parreiras
choro do céu, choro de nuvens
derreteram nas janelas os
sapatinhos
vazias, as botas arregalam
léguas
sem capim, nem algodão
a manjedoura espia
os dias de dezembro
cada manhã, mais carros
nas ruas
nas tardes, volumes nas
calçadas
lojas empipadas de pix,
pay pal, pixels
quando vai chegar o Menino?
onde estão os pastores
e seus animais
por onde andam os reis?
magros e perdidos
pelo Oriente
vamos re-nascer a
infância
acender leves velas
alumiar o caminho
forrar o cocho
com folhas da mangueira
e musgos de quintal
choro seu, choro novo
derreteram as janelas
ficaram as soleiras, a
sós
Foto: autoria desconhecida