Coisa do tempo
Coisa de avião
ninfa
parreiras
Uma
senhora aflita
Próxima
ao embarque
No
aeroporto do Recife
Sua
bagagem de mão
Duas
sacolas plásticas
Sobrepostas
de perguntas
Enrolada
em seu dedo indicador
Apertava-lhe
a pele
Pendia
o peso de uma matula
Na
outra mão
Um
terço debulhando
Cada
estação de medo
Suas
rugas acentuadas
Traziam
dúvida
Preocupação
Sua
pele esturricada
Denunciava
trabalho
Horas
ao sol
Perguntou-me,
angustiada:
-
Dona, que horas é 19h28?
Minha
resposta:
-
Quase 7h30 da noite
1/2
hora passada das 7 da noite
Ou:
1/2 hora que falta para as 8 da noite
-
Dona, assim fica melhor.
É
hora.
Como
posso entrar no avião?
Pra Liliane da Costa Reis: a quem contei esta história lá no
aeroporto
(foto: arquivo pessoal, orla de pernambuco, primavera 2012)