DOLCE FAR NIENTE
abrir um minuto, uma noite
a que hora?
em que lugar?
o tempo: está pra ser inventado
que busca é esta?
a do olhar encadeado
o espaço: por ser criado
o silêncio chiado
no mais interno?
deixar a vida acontecer
ser líquida em cada pedra
ser sólida em cada gota
rasgar os papéis amarelados
incendiar os desbotados
enterrar os esbranquiçados
guardar os escritos
inaugurar o presente
fazer deles a história
inventar uma gramática
da poética do sonho:
a casa do encontro
o tempo de amar.
(foto: arquivo pessoal, Bologna, primavera, 2010)
Pro: Mauro Rotenberg, dolce far niente