Páginas

Translate

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

REINVENTAR A VIDA

Reinventar a Vida

Um dia, sem fala
A vida foi criada
Acolhidos ao colo, dormimos

Aprendemos a sonhar
A tocar as palavras
A decifrar os silêncios

A cada dia, cada tempestade
A vida passa a ser reinventada
Seja sol, seja frio, seja rio

Brincadeiras, rezas,
Leituras, terços, colares
Beiras, bordados, jogos

Reinventamos a vida
Renovamos os sonhos
Colhemos o choro

Fazemos dia novo
Com o velho que aprendemos
Dia lavado pela espera

Noite após noite
Fazer do abraço, o perdão
Da morte, a vida

Do dor, a mudança
Da distância, a amizade
Da falta, a descoberta. 


Nesta passagem triste, para a Vani e os filhos

Da Ninfa Parreiras
Foto: arquivo pessoal, Bento Gonçalves, RS, primavera, 2009

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Para que serve a vida?


Para que serve a vida?

                                                                        Ninfa Parreiras

Pouco do que faço resulta num sucesso.
É uma tentativa.
Vivo das tentativas.
Elas me nutrem de coragem, de medo...
Trazem-me o sucesso, a decepção.



O fazer é um construir.
Nem tudo que construo resulta numa realização.
O construir traz uma satisfação inquestionável.
É a realização da minha existência.
Gera amor, dor, falta, tristeza...



Por que antecipar a dor?
A vida nasce e morre num instante.
Quando olhamos para trás.
Já se passaram tantos dias.
Tantas palavras gastas em vão.



Por que o medo do medo?
Não sei o que está atrás da porta.
Atrás das montanhas.
O que me trará o mar?
Conchas? Algas? Ressaca?



Gosto de ser surpreendida.
Pela própria vida.
Não antecipo sofrimento.
Sigo na busca
Do possível.

(foto: arquivo pessoal, Marrakech, Marrocos, primavera, 2010)