Páginas

Translate

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Biografia Ninfa Parreiras



Biografia
Ninfa Parreiras mora no Rio de Janeiro, onde trabalha em diferentes áreas que transitam na linha do sonho: a literatura e a psicanálise. Gosta de lidar com os sentimentos e as palavras. Atua como professora, psicanalista e consultora de programas de leitura. Tem mais de dez obras publicadas para crianças e jovens e cinco obras de ensaios para adultos sobre literatura e psicanálise, além de textos publicados em jornais e revistas, no Brasil e em outros países. Começou sua carreira de escritora em 2006, quando lançou seus primeiros livros. Graduou-se em Letras e em Psicologia (PUC-RIO), fez o mestrado em literatura comparada na Universidade de São Paulo, foi bolsista da Biblioteca Internacional da Juventude de Munique, Alemanha, com pesquisa sobre o desamparo na literatura.
Trabalhou por duas décadas na Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ, atualmente desenvolve trabalhos na Estação das Letras, na Fundação Cultural Casa Lygia Bojunga e no Centro Educacional Anísio Teixeira – CEAT, além de ser consultora do Programa Prazer em Ler do Instituto C&A. É integrante do Quintal da Língua Portuguesa, da Associação Cultural Bartolomeu Campos de Queirós e do Movimento por um Brasil Literário, associações que se dedicam à leitura e à literatura.
Nunca pensou em ser escritora profissional, sempre gostou muito de ler e de escrever. Em casa, ouvia, diariamente, crônicas, poemas e contos que seu pai escrevia para publicar em diferentes jornais em Minas Gerais. Era um exercício de escuta que mais tarde entendeu como necessário na sua formação literária.
Seus livros de cabeceira, atualmente (produção nacional): obras de Bartolomeu Campos de Queirós e de Lygia Bojunga na literatura infantil; Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana na poesia; Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Milton Hatoum e Raduan Nassar na prosa. E ainda há a leitura de ensaios da psicanálise (Freud, Winnicott), de filosofia e sociologia (Emmanuel Levinas e Zygmunt Baumn) e de ensaios de autores da literatura (como Ítalo Calvino e Jorge Luis Borges). A lista é longa. Costuma ler ao mesmo tempo mais de um livro, assim como escreve ao mesmo tempo diferentes textos: poesia, prosa e ensaios.
Tem um blog onde posta versos acompanhados de fotografias, o Blog da Ninfa: http://ninfaparreiras.blogspot.com.br/ e um onde posta resenhas e crônicas, o Blog Canto Crônica: http://cantodaprosa.blogspot.com.br/ Também coordena o Blog Encontros Novo Nicho pra Santa, especialmente sobre atividades desenvolvidas na Fundação Cultural Casa Lygia Bojunga, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro: http://encontrosnovonichosanta.blogspot.com.br/
Sobre seu processo de escrita:

“Tenho um sonho, escuto uma fala, vejo uma cena, aquilo me acompanha. Não sai de mim. Chega a me perseguir. Começo a escrever e um processo de mexer nas palavras se instala e pode durar anos. Nesse exercício, me sinto aliviada. Quando os textos ficam prontos, há alguns que ficarão guardados, outros eu retomo com revisões, e poucos seleciono para publicar. Muitas vezes, abandono o texto, esqueço que ele existe (nos cadernos, manuscritos, no computador). Já aconteceu de eu encontrar uma fotografia numa lixeira, e ela me pediu para ser escrita: brotava dali uma história.
Escrevo ao sonhar e sonho ao caminhar, ao longo do dia. A escrita me convoca, não tenho nenhum controle sobre isso. Preciso escrever como um exercício de mudar os sentimentos, de mexer com as palavras. Acredito nas mudanças subjetivas por isso aprecio tanto a literatura como a psicanálise”.
fotografia: Carol Quintanilha 
(para o Movimento por um Brasil Literário - MBL, FLIP Paraty 2012)

Autobiografia


Autobiografia
                                                                         Ninfa Parreiras
Sou mineira, da Pedra Negra, nasci em Itaúna enferrujada de minério de ferro. Vivo bem perto do mar e da floresta. Perto do Arpoador, das Cagarras e da Floresta da Tijuca. Aprecio as pedras, as águas, aquilo que as noites e os dias trazem: palavras e sonhos.
Não desprezo coisas velhas, gosto de aproveitar o que foi útil um dia e está abandonado agora, como uma caixa de papel, um móvel, um livro. Transformo em outra coisa para ser usada ou passo adiante. Isso acontece com as palavras em minha vida: tomo uma palavra e tento descobrir a sonoridade, a beleza ou o estranhamento dela.
Sou escrevedora de histórias. Lavro a palavra, capino as ervas danadas, roço o papel, planto metáforas, derramo a água nascente, passo a enxada, arredo o mato, colho a safra... Saboreio fruta e fruto.
Assim trabalho: escuto casos, humores, rumores, risos, lamentos, choros e transformo em uma lavoura. Ao modo do Drummond, o de Itabira, como meus avós e bisavós, sou uma fazendeira: do ar.


foto: arquivo pessoal, Vale da Perra, Portugal, inverno 2012