Páginas

Translate

terça-feira, 30 de novembro de 2010

QUE HÁ ENTRE O CÉU E O OCEANO

Que há entre o céu e o oceano?



                                                             Ninfa Parreiras



E se não existe o céu?
O que será do oceano?



Escorrem-se os sonhos
Findam-se os truques



São invenções do nosso olhar?
Fantasias para fazer dormir?



Seria o céu um espelho d’alma?
Um reflexo de mim, de ti?



Existiria algum deus no céu?
Promessa de outra vida?



Que há entre o céu e o oceano?
A praia, a banda, a areia, os cocos:



Algum sonho.



(foto: arquivos do Rio, Praia Vermelha, inverno, 2008)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

SOBRE O CORPO

SOBRE O CORPO

                          Ninfa Parreiras

Na pele:
O leite

No pó:
A seiva

Na terra:
O profundo

No profano:
O mel

De mim:
De você

Sobre o corpo:
Palavras

Atos:
Gritos

Só:
Sonhos

Letras:
A compor


(foto: Bento Gonçalves, primavera, 2010)





RECRIAR A VIDA


Recriar a Vida


Ninfa Parreiras


As colheitas chegam
O passar dos ventos
Das palavras ditas
Dos resmungos

Com pouca água
O fruto renasce em carne
Em cor, a verdade
Pronto pro deleite

A terra apronta o leito
Faz brotar o gérmen
Cobre de luas
Assopra segredos

Ano a ano
O verão traz tempestade
Traz a tarde presa ao dia
Traz a estrada iluminada

Entre chuvas e desgostos
Não ditos e silêncios
Desabrocham conversas
Possíveis sonhos

Renascem portas
Janelas
Chaves:
a serem abertas.

Pra: Vanice, amiga-comadre, recriar momentos e ventos

(foto: Cerrado Minas, Fruto do Pequi, 2009)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dolce Far Niente

DOLCE FAR NIENTE
                                 
                                                                                  Ninfa Parreiras


abrir um minuto, uma noite
a que hora?
em que lugar?

o tempo: está pra ser inventado
que busca é esta?
a do olhar encadeado

o espaço: por ser criado
o silêncio chiado
no mais interno?

deixar a vida acontecer
ser líquida em cada pedra
ser sólida em cada gota

rasgar os papéis amarelados
incendiar os desbotados
enterrar os esbranquiçados

guardar os escritos
inaugurar o presente
fazer deles a história


inventar uma gramática
da poética do sonho:
a casa do encontro

o tempo de amar.

(foto: arquivo pessoal, Bologna, primavera, 2010)


                                         Pro: Mauro Rotenberg, dolce far niente