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domingo, 27 de abril de 2008

Minas, da janela


MINAS, DA JANELA


Vejo os rios correrem
Para onde?

Os dias escorrerem
Pelas pedras?

As carroças discorrerem
Pelas ruelas?

Os casarões escorregarem
Pelas ladeiras?

Minas de lá e daqui
Soltas nas esquinas do tempo

Minas cabe na janela?
Do outro lado da rua
A espreitar os bondes que não existem

Minas cabe na mala?
Pão de queijo, roça, trem de ferro
Rios doces, mar de serras

Minas cabe num cartão postal?
Pedra sabão, desliza o tempo
As paredes infinitas das montanhas

Minas cabe no porão?
Papéis desbotados
Fechaduras emperradas

Minas cabe?
Onde chega o silêncio
Como falam as lembranças

Minas cabe
Nas palavras todas
Pintadas de Barroco

Minas cabe
Nos incontáveis dias
Sem Minas

Minas cabe
Hoje
Agora

São quinze horas
De um dia de outono
Cabe Minas aqui.

(foto: arquivo pessoal, Um janela de Tiradentes, 2008)